RS mostra a força da agricultura familiar
Jorge Cardoso/MMA
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A ministra e os cooperados: história de sucesso
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Boas
práticas 3//Modelo inédito de produção mistura propriedade coletiva da
terra e mecanismos de mercado para garantir renda a famílias de colonos
Por: Marta Moraes – Editor: Marco Moreira
A ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, esteve, nesta
sexta-feira (07/08), na Cooperativa de Produção Agropecuária Nova Santa
Rita (Coopan), no Assentamento Capela, no município de Nova Santa Rita,
Região Metropolitana de Porto Alegre.
O assentamento e a cooperativa completaram, em 2014, 20 anos com um
modelo inédito de produção que mistura propriedade coletiva da terra e
mecanismos de mercado para garantir renda a dezenas de famílias de
colonos, procedentes de um acampamento em Cruz Alta.
Trinta famílias do assentamento (de um total de 100) fazem parte da
cooperativa, que possui, atualmente, 70 sócios e que colhe, por safra,
mais de 50 mil sacas de arroz orgânico, além de criar suínos e produzir
leite. A safra de arroz orgânico da reforma agrária no Rio Grande do
Sul, em 2014, chegou a 350 mil sacas e a produção é certificada pelo
Instituto de Mercado Ecológico (IMO).
EXPERIÊNCIA
Durante a visita, a ministra conheceu a infraestrutura da cooperativa
e o local de beneficiamento e armazenamento do arroz. Na ocasião, ela
ressaltou a experiência da produção do arroz agroecológico da
cooperativa como um caminho a ser seguido por outros assentamentos e o
significado da participação das mulheres na cooperativa como um exemplo
para as gerações mais jovens.
No início do assentamento e da cooperativa os agricultores tentaram a
produção tradicional do arroz, mas os produtores começaram a
apresentar muitos problemas de saúde. “Procuramos, então, fazer uma
produção diferente, respeitando o trabalhador, o meio ambiente e o
consumidor”, explica o diretor da Cooperativa, Nilvo Bosa. “Trocamos
experiências com outros assentamentos e, hoje, conseguimos dominar a
técnica de cultivo. Desde o início da produção do arroz orgânico, em
1999, passamos a vivenciar as vantagens desse tipo de produção.”
INFRAESTRUTURA
Além do cultivo do arroz orgânico, em 544 hectares, a Coopan abate
cerca de 20 mil suínos e produz 118 mil litros de leite ao ano, num
sistema sem empregados: os sócios são remunerados pelo número de horas
trabalhadas, independentemente da atividade. Existem na cooperativa
vários postos de serviços em atividade, que vão além da produção do
arroz, suína e do leite. Há, por exemplo, uma padaria no local.
Com esse sistema. as famílias conquistaram mais qualidade de vida e
renda com a produção desses itens. O assentamento Capela, que possui
2.160 hectares, proporciona a infraestrutura que as famílias precisam
para produzir. Lá, elas, ainda, contam com espaços que asseguram a
integração e o bem estar da comunidade.
Já na Cooperativa, da qual fazem parte 30% das famílias dos
assentados, existe uma sede administrativa e uma creche, que acolhe os
filhos das agricultoras e agricultores, enquanto os pais trabalham na
produção de arroz. Tem também uma cozinha comunitária, um refeitório,
uma quadra poliesportiva, campo de futebol, entre outras estruturas.
Cada família que integra a cooperativa tem um lote na área do
assentamento. Mas o uso da terra é coletivo.
COMERCIALIZAÇÃO
Desde o preparo do solo para o plantio até o momento de
comercialização, o arroz passa por diversas etapas. Tudo é planejado com
antecedência pela diretoria coletiva e pelos cooperados, para que haja
um manejo adequado e que as próximas safras também sejam garantidas.
Parte da produção é vendida para mercados locais especializados em
orgânicos e para supermercados de grandes cidades, como Porto Alegre,
São Paulo e Brasília.
Mas a maior parte é vendida para o Programa de Aquisição de Alimentos
(PAA) e para o Programa Nacional de Alimentação Escolar (Pnae). Segundo o
diretor da Coopan, as medidas auxiliaram também na logística da
comercialização. “Esses programas nos ajudaram a desenvolver e a
melhorar a produção”, garante. “Produzimos no campo como sonhamos um dia
e conseguimos entregar o produto.”
ARMAZENAMENTO
A renda da cooperativa vem também da prestação de serviços a
parceiros. Os silos, por exemplo, abrigam a produção de outras
cooperativas de sem-terra que não têm capacidade de armazenamento. Ao
longo dos anos de produção, os assentados foram adquirindo tecnologia,
como máquinas de secagem e beneficiamento de arroz. Hoje, eles têm até
tecnologia de embalagem a vácuo, o que faz com que a validade do produto
seja de um ano.
A expectativa é gerar mais renda e manter os jovens no campo, de
acordo com o diretor da Coopan. Para isso, os produtores estão
investindo no envolvimento dos jovens nas atividades da cooperativa.
“Nosso jovem participa ativamente. Temos vários postos de serviços,
estimulamos os estudos deles, mostramos as vantagens de se ficar no
campo. Essa experiência da cooperativa com o assentamento Capela é um
sinal de que a reforma agrária dá certo”, afirma. Bosa lembra ainda que
os assentamentos também exercem um papel importante nos municípios,
movimentando a economia local.
SAIBA MAIS
O sistema de produção orgânica se baseia em princípios de
agroecologia que buscam viabilizar a produção de alimentos e outros
produtos necessários ao homem de forma harmônica com a natureza, com
relações comerciais e de trabalho justas, e valorização da cultura e do
desenvolvimento local. A produção agroecológica é melhor para a saúde do
consumidor, do produtor e do meio ambiente. Traz também benefícios
econômicos e sociais.
Acompanharam a ministra na visita o diretor do Serviço Florestal
Brasileiro (SFB), Raimundo Deusdará, e o secretário de Extrativismo e
Desenvolvimento Rural Sustentável do MMA (SEDR), Carlos Guedes de
Guedes.
Assessoria de Comunicação Social (Ascom/MMA) – (61) 2028.1165